domingo, 8 de janeiro de 2012

Desculpa o Auê II - Nem Tudo é Política (com "p" Minúsculo)

Na semana passada eu fiz um comentário na Internet criticando a postura de Rita Lee, que, no show do revellión em João Pessoa, incitou a população a invadir os camarotes do governador e do prefeito e mandou os políticos se fuderem. Na minha opinião ela foi incoerente, porque adotou um discurso de confronto com as autoridades que lhe contrataram com inexigibilidade de licitação. Alguns amigos discordaram de mim e acharam nessa postura o máximo da coerência, já que a cantora não modulou o seu discurso pelo fato de ter recebido dinheiro público. Eu apenas defendi que ela também modulasse a sua prática pelo discurso, não celebrando mais contratos com o Poder Público. Durante anos eu prestei assessoria jurídica a uma instituição do terceiro setor em Pernambuco que se negava a receber dinheiro público, por entender que somente dessa forma seria independente para avaliar e criticar as políticas públicas na sua área de atuação. Para mim isso é a verdadeira coerência. Impende dizer que essa é apenas a minha compreensão sobre o assunto, de maneira que as opiniões em contrário também são muito bem-vindas, até porque a qualquer momento eu posso ser convencido e mudar de entendimento. Contudo, o objetivo deste texto não é tratar das concordâncias e das discordâncias acerca da opinião que emiti, e sim versar sobre a repercussão gerada por essa postagem que fiz no microblog a que, em tese, somente os amigos e conhecidos teriam acesso. Ainda na semana passada dois amigos em escreveram para saber por que eu estava criticando a política cultural do Município. E ontem um amigo de um dos meus irmãos afirmou que eu estava defendendo o Município na Internet. Em momento algum eu critiquei a escolha de Rita de Lee ou dos demais artistas da programação de verão, até porque eu defendo que o Poder Público não deve patrocinar os chamados “axé de plástico” e “forró de plástico”. Por outro lado, eu também não externei qualquer defesa da política cultural local, limitando-me a considerar hipócrita a atitude da cantora. Será que não há nada que se faça ou se fale aqui na Paraíba que possa ser compreendido fora do contexto da política menor da aldeia? Será que as opiniões serão sempre patrulhadas pela reduzida ótica da política local, mesmo que versem sobre assuntos que não guardam relação direta com a política partidária? Obviamente, nem todos os amigos e conhecidos tiveram tal limitação de entendimento, mas o número dos que assim agiram não foi insignificante.

2 comentários:

  1. Amigo Talden, então, a partir de agora, como alguém que também recebe dinheiro dos cofres públicos, você está proibido de criticar as políticas federais do meio ambiente e da educação, afinal são essas "autoridades" que fazem essas políticas que pagam seu salário.

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  2. Que é isso, Roberto? Fiz concurso público, a situação é totalmente diferente. São situações totalmente diferentes.

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