Talvez a principal
característica da ditadura militar brasileira seja o cinismo: apesar da enorme violência,
os militares tentavam dar a aparência de que tudo estava normal. Por isso, o
Judiciário e o Legislativo funcionaram a maior parte do tempo, somente com a
cassação de alguns “elementos subversivos”. Por outro lado, como atribuir ao
regime tantas mortes, se os corpos simplesmente não apareciam? A falsa aparência
de ordem e o silêncio típico das repressões mais atrozes encontrava espaço no
discurso dos militares, para quem os assassinatos e as torturam eram apenas mais
uma acusação leviana dos opositores de plantão. Quanto cinismo! E, nesse caso, o cinismo não deixa de ser somente mais uma forma de violência contra os perseguidos, sua memória e sua família. Por isso, é que
a defesa da promoção do terror e da tortura pela máquina do Estado, como
ocorreu no Brasil e em outros países, só pode ser feita por pessoas ignorantes
ou desprovidas de caráter. A História realmente ensina, pena que nem todos
aprendam com ela.
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