sexta-feira, 28 de junho de 2013

Ao Mestre com Carinho: uma Singela Homenagem ao Professor Tavares




O professor José de Farias Tavares foi escolhido para dar nome à Associação dos Ex-Alunos da Faculdade de Direito da UEPB, instituição que está sendo criada por iniciativa de Cláudio Lucena e de vários outros abnegados. A homenagem me tocou muito porque de todos os docentes  que me influenciaram o professor José de Farias Tavares merece um lugar especial.

Eu fui seu aluno por vários semestres na Universidade Estadual da Paraíba, onde ele era o professor titular de Direito Civil. Na época ele era o único professor da Faculdade de Direito que se dedicava realmente à pesquisa, sendo autor de inúmeros artigos, capítulos de livros e livros.

Tavares era também o único professor no Paraíba a publicar obras por editoras jurídicas de repercussão nacional, a exemplo da Del Rey e da Forense. Ele foi o pioneiro no estudo da constitucionalização do Direito Civil com a obra “O Código Civil e a nova Constituição”, que a Editora Forense lançou ao final de 1989 – abordagem que anos depois se tornaria predominante no estudo de todo o Direito Privado brasileiro.

Citado em vários acórdãos por ministros do Superior Tribunal de Justiça e do Supremo Tribunal Federal, o professor Tavares era reverenciado pelos grandes nomes do Direito, a exemplo de Luís Pinto Ferreira e Paulo Bonavides (os quais, inclusive, chegaram a dedicar a ele obras suas). Era idolatrado pelos alunos em razão de sua invariável disponibilidade e simplicidade, quase sempre se tornando amigo dos alunos.

Prova disso é que os estudantes costumavam frequentar a sua casa para tirar dúvidas e para conversar até mesmo nos finais de semana, sendo sempre carinhosamente recebidos por Dona Socorro, eterna companheira do professor e artista plástica reconhecida. A biblioteca era o lugar preferido dos discentes, que pesquisavam e estudavam para as provas e se deslumbravam com o imenso número de livros ali existentes.

Tavares procurava despertar nos alunos a paixão para o estudo do Direito e das ciências afins, a exemplo da Ciência Política, da História, da Literatura e da Sociologia, sempre fazendo referências a obras, autores e acontecimentos históricos. Bordões como “quem não aprende Civil I não aprende Civil nenhum” e “Quem só estuda Direito não aprende Direito” eram repetidos pelo por ele e pelos alunos.

Além de civilista, ele se dedicou aos direitos difusos e coletivos, sendo um dos primeiros autores do país a escrever sobre o Direito da Infância e Juventude e sobre o Direito do Idoso. A Editora Forense acabou de lançar a oitava edição do “Comentários ao Estatuto da Criança e do Adolescente”, inclusive disponibilizando aos interessados também a versão em e-book, sendo esse sem dúvida o seu livro de maior sucesso.

Embora vocacionado para a docência, Tavares seguiu carreira de Promotor de Justiça no Ministério Público do Estado da Paraíba, quando se destacou pela profundidade dos seus pareceres. Ele também chegou a exercer o cargo de Secretário de Educação do Município de Campina Grande, ocasião em tentou colocar em prática suas idéias para uma educação inclusiva.

Eu tive o privilégio de conviver com ele desde criança, em razão do parentesco seu e de sua esposa com o meu pai. Contudo, foi na faculdade que pude realmente descobrir o “professor Tavares”, que foi a primeira pessoa em que me inspirei para seguir a vida acadêmica e para escrever e a publicar na área jurídica.

Meu primeiro livro, que se chamou “Direito Ambiental: tópicos especiais” e que foi publicado pela Editora da UFPB em 2007, foi dedicado a ele, a quem chamei de “exemplo de profissional e de ser humano”. É claro que as sementes que o professor plantou, das quais cabe destacar o amor ao saber, a ética e a humildade, germinaram e brotaram nos seus inúmeros alunos.

Por isso, o eterno agradecimento meu, e certamente também dos seus ex-alunos, ao professor José de Farias Tavares, por tudo que ele fez e é. E meus agradecimentos também aos que escolherem o seu nome para a Associação dos Ex-Alunos da Faculdade de Direito da UEPB, que não poderiam ter feito melhor e mais justa homenagem.

Nenhum comentário:

Postar um comentário