sábado, 11 de junho de 2011
Epígrafe IX - Cecília Meireles
Cecília Meireles é inquestionavelmente um dos maiores nomes da poesia de língua portuguesa. De acordo com Fabrício Carpinejar, ela está no nível de Carlos Drummond de Andrade, de Fernando Pessoa e de Luís Vaz de Camões.
A metafísica e a transcendência são características dos seus escritos, que exalam beleza e sabedoria. Além do mais, eles são despretensiosos e simples, como somente quadram aos gênios.
O poema abaixo intitulado “Canção Mínima” foi publicado no livro “Vaga Música” em 1942, tendo um conteúdo essencialmente ecológico. O texto versa sobre a força e a fragilidade da natureza, cuja finitude ou infinitude parecem brotar nas coisas mais simples.
Obviamente naquela época não havia discussão sobre questões ambientais, ainda mais no Brasil. Contudo, a alma de poeta apreende a realidade e sente o universo antes que os acontecimentos se materializem, sendo essa a razão porque Cecília Meirelles já escrevia a respeito do equilíbrio ecológico.
Certamente é por conta dessa percepção mais aguçada que Ezra Pound, um dos mais importantes poetas e críticos literários norte-americano, costumava afirmar que o poeta é a antena da raça. Eis, enfim, o poema:
Canção Mínima
No mistério do sem-fim
equilibra-se um planeta.
E, no planeta, um jardim,
e, no jardim, um canteiro;
no canteiro uma violeta,
e, sobre ela, o dia inteiro,
entre o planeta e o sem-fim,
a asa de uma borboleta.
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