Em um determinado trecho do filme Julieta, mais recente
obra de Pedro Almodóvar, a protagonista se culpa pelo suicídio de um passageiro
de trem que viajou ao seu lado. É que ele morreu durante a viagem em que tentou
entabular sem sucesso uma conversa com ela. Aconteceu coisa parecida comigo faz
vinte anos: o passageiro que viajou ao meu lado na volta de um vôo
internacional fez o mesmo logo após chegar em casa, em plena comemoração
familiar pelo seu retorno. Nós nos conhecemos no embarque e passamos cerca de
dez ou doze horas juntos conversando sobre literatura, política y otras cositas
más, e em momento algum ele me pareceu depressivo ou triste. Durante algum
tempo pensei que se tivesse dito a palavra certa eu talvez tivesse mudado
aquele destino.
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