segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Orlando Tejo, as Mortes Inventadas e o Renascimento de Flávio Ribeiro Coutinho




Segue abaixo o excerto de artigo escrito por José Belizário Nunes para o portal Usina de Letras que conta mais uma passagem envolvendo o escritor e jornalista paraibano Orlando Tejo, que se imortalizou ao publicar o livro "Zé Limeira, Poeta do Absurdo":


Na Paraíba, o jornalista Orlando Meira Tejo, dono do Diário de Campina Grande, também tinha o hábito de "matar" os desafetos nas colunas do seu respeitado pasquim, publicar-lhes a história de vida, a hora, a razão e os trâmites do passamento, fazer-lhes o elogio fúnebre e, num exagero de deferência para com o inimigo, convocar a comunidade cristã para as cerimônias de corpo presente, o enterramento e a missa de sétimo dia. Em um dia qualquer de 1958, Orlando Tejo, um homem sempre na oposição, noticiou a morte do governador do Estado, Flávio Ribeiro Coutinho. Escreveu tudo que quis escrever no obituário e, neste caso específico, ainda noticiou a posse imediata do vice-governador, Pedro Gondim, nomeou o novo secretariado e indicou as principais mudanças de estilo a serem adotadas na administração provincial. O governador, morto ad hoc, ficou tão irritado que abandonou todas as regras do cerimonial e foi ele próprio a Campina Grande tomar satisfações. Lá, de revólver em punho, encurralou Orlando Tejo debaixo do pé-de-escada em que funcionava a redação do jornal e exigiu a impressão imediata de uma edição extra com um desmentido de tudo que fora publicado na edição normal daquele mesmo dia. Tejo reagiu com grande bravura à agressão e até com uma arrogância desproporcional ao tamanho do seu império jornalístico: "Governador", disse ele, "jornal meu não dá desmentidos. Se o senhor continuar com essa exigência absurda e com esse revólver apontado para a minha cabeça, o máximo que eu posso fazer é publicar na edição de amanhã que o senhor nasceu outra vez". E assim foi costurado um acordo político em que se preservou, de uma só vez, o respeito à autoridade constituída e o culto à liberdade de imprensa na Paraíba.


domingo, 3 de fevereiro de 2013

Campina Grande - Ascenção e Declínio





Até a década de 1950 Campina Grande tinha 173.206 habitantes e João Pessoa apenas 119.326, de acordo com o historiador Josué Sylvestre no livro “Nacionalismo e coronelismo”.  Era o Município mais desenvolvido, mais industrializado e mais rico do Estado, sendo, inclusive, o único do interior a sediar a Federação das Indústrias e órgãos federais. A partir de meados da década de 1970 a cidade entrou em relativo estado de estagnação, especialmente se comparada a João Pessoa, cuja economia e população são bem maiores hodiernamente. Na atualidade Campina Grande possui cerca de 420.000 habitantes ao passo que João Pessoa 750.000, de acordo com os dados do IBGE. Embora não se possa afirmar com precisão qual teria sido a razão desse fenômeno, é perfeitamente possível afirmar que isso coincidiu com a ascençao dosgrupos políticos que até hoje comandam o Município.

Epitácio e as Eleições em Campina Grande






No Município de Campina Grande Epitácio Pessoa teve 939 votos contra 1 de Ruy Barbosa no pleito presidencial de 1919 (fonte: Jornal a Razão, 1919). O resultado demonstra a já existente tendência do eleitorado campinense de votar em bloco a favor ou contra determinado candidato, já que nem na capital do Estado o presidenciável paraibano teve tão bom desempenho. Nas eleições de 2010 o atual governador Ricardo Coutinho alcançou um percentual de sufrágios bastante superior ao obtido na própria cidade onde fora prefeito por dois mandatos, o Município de João Pessoa. Dizem que nesse caso de Epitácio, os eleitores mais aguerridos ainda tentaram encontrar quem teria sido o corajoso que votou contra um conterrâneo.