terça-feira, 8 de março de 2011

Dilema de um Amigo Ecologista


Um amigo me contou que foi convidado para assumir a superintendência do órgão ambiental de seu Estado. Apesar de atuar na área há muitos anos e possuir um excelente currículo, ele rejeitou sumariamente a proposta. Eu quis saber o porquê, afinal de contas se tratava de uma pessoa com vasta experiência prática e teórica no assunto, e que certamente poderia contribuir para o amadurecimento e a efetivação das políticas públicas na área de meio ambiente. Contudo, a resposta dele me surpreendeu ainda mais do que a negativa:

– Metade do que eu defendo é impraticável, ao menos no contexto atual em que se encontra a sociedade. Logo, se assumir um cargo dessa relevância eu não conseguirei colocar em prática o que defendo, de maneira que terei de pedir exoneração. Isso implica dizer que mais pessoas deixarão de acreditar que a utopia é possível, o que seria muito ruim para o movimento ambientalista. Alguém tem que defender o impossível para que o mundo avance na medida do possível. Além do mais, o que é impossível hoje talvez não seja amanhã, desde que o sonho continue a ser cultivado.

É claro que o formato do diálogo foi recriado por mim, a partir das lembranças da nossa conversa, e que por uma questão de ética eu não posso fazer nenhuma referência a esse amigo, como nome, Estado de origem ou sexo. De qualquer forma, isso me fez questionar o que seria melhor para o meio ambiente: atuar agora promovendo as modificações necessárias na medida do possível, ou defender a utopia com o intuito de promover a médio e longo prazo mudanças mais profundas na consciência da coletividade? Minha preferência é realmente pela primeira opção, já que os problemas do presente devem ser enfrentados no presente. Contudo, se alguém tiver a comprovação definitiva de qual escolha é a resposta correta, que faça a gentileza de informar.

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