Uma boa parte dos prefácios jurídicos não faz referência à obra
prefaciada. São apenas elogios ao caráter e/ou ao currículo do autor ou à
escolha do tema, afora divagações gerais sobre a importância de escrever e
publicar. Ou seja, muitas vezes o leitor termina a leitura do prefácio sem saber
nada sobre o livro que pretende ler. Certa feita, eu fui convidado a escrever
um prefácio com a condição de não ler a obra antes de sua publicação. É claro
que não aceitei e que jamais aceitaria a proposta, pois prefaciar uma obra é,
de certa maneira, chancelar a sua qualidade - o que não poderia ser feito nesse caso. A título de curiosidade, segue publicado o texto "Dez coisas que odeio em prefácios", que me foi enviado pelo amigo poeta Majela Colares.
sexta-feira, 28 de setembro de 2012
O Direito Exige Sobriedade - Breve Comentário sobre a Postura do Ministro Joaquim Barbosa
O Ministro Joaquim
Barbosa chamou o então Ministro Cézar Peluso de caipira, corporativista,
desleal, pequeno e tirano. Também chamou o Ministro Gilmar Mendes de marginal,
ao se referir aos seus “capangas do Mato Grosso”. Recentemente taxou o Ministro
Ricardo Lewandowski de desleal e de incompetente.
Parece que Barbosa não
admite ser contrariado, ou não consegue vencer pelo argumento e por isso
recorre à grosseria desmedida. Embora provavelmente a maior parte da população
goste da atuação pugilista do magistrado, é evidente que tal postura não se
coaduna com a sobriedade que se espera de um tribunal, especialmente quando se
trata da corte máxima de um país.
É importante destacar
que ninguém está questionando os méritos do Ministro, que é muito preparado
intelectualmente e possui um currículo exemplar, mas apenas a sua forma de
tratar os colegas e de lidar com a exposição. O que é um mero problema de dificuldade
de relacionamento parece ser para alguns uma forma de se promover junto à
população e à mídia.
Contudo, é exatamente
em benefício da sociedade, com o intuito de promover a segurança jurídica
necessária, que o direito deve seguir certos procedimentos e regras. Nesse
aspecto, importa lembrar um acórdão em que o Ministro Marco Aurélio afirma que
o direito não deve se curvar à turma, pois foi o clamor da população que fez
com que Jesus Cristo fosse trocado por Barrabás.
domingo, 9 de setembro de 2012
Pequeno Comentário Sobre os Juízes e a Pressão Popular no Caso do Mensalão
Eu tenho lido comentários equivocados sobre o julgamento do caso do mensalão, alguns, inclusive, escritos por pessoas com formação jurídica, que defendem que as condenações só ocorreram por conta da pressão popular. Se é claro que o juiz não pode ignorar tais pressões, importa esclarecer que o seu veredicto deve se basear no Direito.
Crer que o magistrado aja ou deixe de agir de determinada maneira apenas em função da pressão da população é desmoralizar o Poder Judiciário, retirando o conteúdo garantista e técnico que deve pautar suas decisões. A história é pródiga em exemplos de injustiças ocorridas em função da pressão popular, sendo o julgamento de Cristo – e, inclusive, a sua troca por Barrabás – o maior exemplo disso.
Com efeito, não é razoável desejar que a corte condene os réus simplesmente por condená-los, mas que os julgue com independência e justiça, podendo chegar a condená-los sim, se for o caso. E é exatamente isso o que o Supremo Tribunal Federal está fazendo no citado processo, quando até mesmo banqueiros foram condenados.
Contudo, impende dizer que isso ocorreu por causa do Direito e não pressão popular, a qual, aliás, é somente a pressão da grande mídia, visto que inexiste qualquer envolvimento popular efetivo da população nesse caso. Do contrário, é melhor passarmos a eleger nossos juízes por via direta, sem a necessidade de graduação prévia no curso de Direito.
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