sábado, 18 de junho de 2011

O Novo Código Florestal, o Desmatamento e o Alerta que Domenico Vandelli fez em 1772


É interessante observar que todos os segmentos políticos do país se uniram para a aprovação do projeto do novo Código Florestal na Câmara dos Deputados, seguindo o relatório do deputado federal Aldo Rebêlo (PCdoB/SP), a exceção do Partido Verde.

Com efeito, foi somente por causa da união entre governo e oposição que a aprovação do mencionado projeto ocorreu de forma tão acachapante.

Contudo, mais interessante ainda é observar que a matéria não foi devidamente discutida no parlamento, tanto que a maioria dos deputados não sabe explicar o que nem por que votou.

Um amigo questionou alguns representantes nossos na Câmara dos Deputados, e eles se limitaram a dizer que apenas tinham seguido a recomendacao partidária e que de fato pouco conheciam sobre o assunto.

O que dizer a esse respeito?

Nada, a não ser esperar que no Senado a discussão tome um rumo diferente, pois o maior nível e o menor número de parlamentares faz com que lá o ambiente seja mais propício ao debate e à reflexão.

Talvez nessa casa os parlamentares se dobrem aos clamores da sociedade civil e da comunidade científica, já que na Câmara dos Deputados os estudos feitos pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciências foram solenemente ignorados.

Impende destacar excerto do livro “Memória sobre a agricultura de Portugal e de suas conquistas o caráter destrutivo da lavoura brasileira”, publicado por Domenico Vandelli em 1772, que serve como alerta ao estímulo ao desmatamento que a aprovacao do novo Código Florestal certamente produzirá:

“Vai-se estendendo a agricultura nas bordas dos rios no interior do país, mas isso com um método que com o tempo será muito prejudicial. Porque consiste em queimar antiqüíssimos bosques cujas madeiras, pela facilidade de transporte pelos rios, seriam muito úteis para a construção de navios, ou para a tinturaria, ou para os marceneiros. Queimados estes bosques, semeiam por dois ou três anos, enquanto dura a fertilidade produzida pelas cinzas, a qual diminuída deixam inculto este terreno e queimam outros bosques. E assim vão continuando na destruição dos bosques nas vizinhanças dos rios”.

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