quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Mesa Redonda sobre Derecho Ambiental - Brasil, España e Unión Europea

Mesa redonda sobre derecho ambiental: El próximo jueves, 3 de febrero, a las 19:00 horas, el Centro de Estudios Brasileños acoge la mesa redonda "Reflexiones jurídicas sobre las políticas ambientales de Brasil, España y la Unión Europea", coordinada por el profesor Dionisio Fernández de Gatta.

La mesa estará integrada por Talden Farias, abogado y profesor de la Universidade Federal de Campina Grande (Brasil) que realizará algunas reflexiones jurídicas sobre la política ambiental brasileña; por el profesor Dionisio Fernández de Gatta que se centrará en las políticas ambientales de España; y por Fábio Ferreira Morong, doctorando del programa El Medio Ambiente Natural y Humano en las Ciencias Sociales de la USAL, que nos aproximará a los aspectos generales del Permiso Integrado en la Política Ambiental de la Unión Europea.

La entrada es libre hasta completar el aforo.


Lugar de celebración: Centro de Estudios Brasileños
Palacio de Maldonado, Plaza de San Benito, 1
Fecha: 03 de febrero de 2011
Horario: 19:00 horas


Maiores informações:
http://www.cebusal.es/popup_agenda.cfm?id=265
http://www.cebusal.es/#

sábado, 15 de janeiro de 2011

Os Tempos da Faculdade de Direito e a Literatura


Um amigo me perguntou se eu sentia saudades dos tempos da Faculdade de Direito, da Universidade Estadual da Paraíba. Antes que eu respondesse, ele começou a falar que essa foi a melhor época da sua vida, pois a graduação lhe abriu as portas de um novo mundo. Nessa fase ele viveu amores intensos, fez amizades que até hoje cultiva e se envolveu com política estudantil, tendo tomado consciência de si mesmo como homem e como cidadão.

Somos colegas de infância e fomos contemporâneos na faculdade, embora eu fosse um ano mais adiantado. Além disso, compartilhávamos um contexto econômico e social semelhante, tínhamos vários amigos em comum e vivenciávamos as mesmas idéias políticas. Seria natural, portanto, que eu falasse desse período com igual felicidade.

Como todo ser humano é um pequeno universo, lição que Sócrates já professava na Grécia antiga, é natural que as pessoas tenham impressões e memórias diferentes sobre os mesmos fatos. Com efeito, antes de o acontecimento ser o acontecimento, ele é a leitura que se faz dele – e essa leitura sempre será diferente porque cada um traz em si um referencial singular capaz de filtrar a realidade, o qual é composto pelas particularidades dos sujeitos.

No caso, certamente a minha visão sobre aquela época era distinta da do meu amigo, pois meus olhos não brilharam com intensidade quando passei a falar a respeito do assunto. É claro que eu tenho boas lembranças dos tempos da Faculdade de Direito, visto que também vivi amores, fiz amizades que até hoje cultivo e tomei mais consciência de mim mesmo como homem e como cidadão.

Por exemplo, eu me lembro das aulas de professores magistrais, a exemplo de Padre Maia, Jackson Duarte, José Tavares, Mércia Amorim, Railda Saraiva e Vital do Rêgo. Eu me lembro dos livros didáticos adotados em cada disciplina e das interessantes discussões em sala de aula. Eu me lembro das conversas descontraídas nos corredores e no pátio do vetusto prédio onde um dia funcionara o colégio Anita Cabral. Em me lembro dos flertes e paqueras no centro acadêmico, na lanchonete de Jadi e na Livraria de Loiola. Eu me lembro dos funcionários, quase sempre dispostos e gentis. O tempo consegue colorir até as imagens em branco e preto, pois eu me lembro com satisfação da biblioteca desatualizada, das carteiras quebradas, dos horários vagos e dos tetos caídos.

É evidente que, de alguma forma, eu sinto saudade de tudo isso. No entanto, o que mais sinto falta da época da faculdade é certamente o tempo que eu tinha disponível para ler, e nessa fase eu lia intensamente. Nessa fase eu li e reli obras de Edgar Allan Poe, Franz Kafka, Gabriel García Marquéz, Jorge Luis Borges, José Saramago, Júlio Cortázar, Machado de Assis, Mário Vargas Llosa, Milan Kundera, Murilo Rubião, Nelson Rodrigues e Rubem Fonsêca. Mergulhei no cronicário de Carlos Heitor Cony, Carlos Romero, Edmundo Gaudêncio, Luis Fernando Veríssimo, Mário Prata, Paulo Mendes Campos, Robério Maracajá, Rubem Alves e Rubem Braga. E me encantei com a poesia de Augusto dos Anjos, Carlos Drummond de Andrade, João Cabral de Melo Neto, José Antônio Assunção, José Paulo Paes, Majela Colares, Mário Quintana e Manuel Bandeira. Eram instantes inesquecíveis e únicos, em que eu entregava por completo ao universo fantástico da literatura.

Confesso que me dedicava pouco ao Direito, estudando o suficiente para ser aprovado por média nas disciplinas. Realmente, não me parecia razoável trocar livros como “A metamorfose”, “A insustentável leveza do ser” ou “Morte e vida Severina” por algum manual de Direito Administrativo, de Direito Civil, de Direito Penal ou de Medicina Legal, a não ser pelo único fato de que precisaria me estabelecer profissionalmente como advogado ou ser aprovado em concurso público. Todavia, isso estava longe de ser uma preocupação para mim, provavelmente em razão da minha pouca idade e da relativa boa condição econômica dos meus pais à época.

Também contribuía para isso a excessiva formalidade do meio jurídico e a hipercorreção dos bacharéis, o que inegavelmente me entediava. Por outro lado, a timidez fazia com que o meu envolvimento com as atividades acadêmicas fosse discreto, exatamente ao contrário do meu amigo. Independentemente de qualquer coisa, a verdade é que o meio jurídico apresentado pelos meus professores não era tão sedutor quanto o universo literário, e por isso cheguei inclusive a pensar seriamente em seguir outra carreira.

Hoje sou advogado militante e professor universitário e minha rotina profissional é bastante atribulada, de maneira que quase sempre tenho trabalho a fazer no que seria o meu tempo livre. São artigos, contratos, petições e projetos que exigem uma constante atualização nas leituras jurídicas, seja no que diz respeito à doutrina, à jurisprudência ou à legislação. Às vezes me sinto um operário e não um operador do Direito, tamanhas são as atribuições e responsabilidades.

Nesta virada de ano, aproveitei parte do recesso judiciário para colocar em dia algumas leituras, a exemplo de “Brasil: uma história” de Eduardo Bueno, “1822” de Laurentino Gomes e “O seminarista” de Rubem Fonsêca. Ocorre que o tempo passa depressa, e cá estou novamente às voltas com a advocacia, o magistério e a tese de doutorado, de maneira que os meus autores e livros prediletos tornarão a dormitar nas estantes do apartamento. Eu tento me confortar, dizendo para mim mesmo que nas próximas férias terei maior disponibilidade, ou que reservarei um dia de semana somente para a leitura.

Porém, tenho medo de que o portal da torre de marfim onde eu possa ler a vontade se abra apenas com a distante e improvável aposentadoria, tão improvável em virtude das reformas previdenciárias propostas e das vicissitudes da vida. Portanto, minha maior saudade dos tempos da faculdade é mesmo o tempo em que eu não estava na faculdade, porque estava lendo em casa e podia ler tudo o que quisesse. Pelo visto, assistia razão ao filósofo espanhol Ortega y Gasset quando escreveu que “o homem é o homem e suas circunstâncias”.


(Cabedelo/PB, 13 de janeiro de 2011)

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Relato de um Delirante

Encontrei em meu computador um texto que comecei a escrever há mais ou menos seis anos, intitulado “Relato de um delirante”, e resolvei transcrever abaixo a primeira das quatro partes dele. Inicialmente, minha idéia era escrever sobre uma pessoa que oscila entre duas realidades, tendo a segunda realidade um caráter onírico e surreal. No decorrer do texto, o personagem passaria a questionar a primeira

realidade, que é o cotidiano de cada ser humano, para concluir que a vida é um absurdo. Contudo, como depois achei a idéia comum e falsamente pretensiosa, eu acabei desistindo do texto. Fora isso, senti que o texto estava tomando um caminho muito espiritualista, o que destoava da proposta inicial. Nesse instante, percebi que o texto ensaiou uma vida própria, e me revoltei. Ei-lo:

RELATO DE UM DELIRANTE

I

Acordei-me com enorme disposição naquela manhã de sábado. Espreguicei-me, virei de um lado para o outro, e com muita surpresa percebi que a minha esposa não dormia ao meu lado. Mais surpreso fiquei quando percebi que, ao invés das paredes e móveis do meu quarto, a paisagem que me arrodeava era a de um imenso e bonito jardim. Olhei ao meu redor e procurei em vão a escrivaninha, o armário, o pequeno sofá, a janela, a porta do banheiro e os quadros que tão bem decoravam o ambiente. Mas tudo o que eu via eram árvores, pássaros e frutas. Belisquei-me os braços com alguma força para saber se aquilo era simplesmente um sonho bom, mas a dor que senti me devolveu o sentimento de realidade. Tive, então, o ímpeto de me levantar e de sair caminhando no meio daquele bosque, porque somente assim talvez eu descobrisse a resposta para o fato de eu me encontrar ali.

Procurei os meus chinelos e, como não os encontrasse, comecei a caminhar de pés descalços, apenas vestido com o meu pijama de listras. Espantei-me ao descobrir que nem as pedras nem os espinhos podiam ferir os meus pés delicados. Talvez nem o maior estudioso de botânica do mundo conseguisse enumerar uma flora tão variada e abundante. Havia rosas, petúnias, begônias, dálias, lírios e orquídeas como nunca se viu antes. Pássaros que jamais imaginei existir sobrevoavam o céu cantando uma melodia suave, e depois pousavam nos galhos das árvores. A fartura da copa e dos frutos destas era tamanha que me demorei a acreditar se aquilo era possível. Ao seguir pelas trilhas daquele jardim, deparei-me com pequenas fontes de onde jorrava a água mais límpida e de melhor gosto que se pode conhecer. De algum lugar se espalhava o odor de diversas fragrâncias, a exemplo de absinto, alfazema, almíscar, patchuli, lavanda e outras. Se aquilo fosse um sonho, pensei, a realidade não seria tão interessante.

De repente, ouvi um relincho que veio por detrás dos pés de eucalipto. Ao me encaminhar para lá, descobri um rio que corria tão cristalino que pude ver com nitidez a cor dos seus inúmeros peixes. Caminhei pela sua margem até me deparar com uma cachoeira de aproximadamente quarenta metros de altura, onde alguns cavalos alados tomavam banho. Crianças nuas cercavam esses animais, talvez tomando conta deles ou simplesmente brincando. Tal como as árvores, os pássaros e os cavalos, elas pareciam estar sorrindo desde o âmago da alma. Animei-me com a possibilidade de falar com elas, mas meus muitos gritos e gestos foram em vão. Era como se eu não estivesse ali, ou não pudesse ser visto. Vendo que de nada adiantavam os meus chamamentos, resolvi escalar a montanha de onde caia o rio. Ainda não tinha chegado ao topo quando presenciei o entardecer mais bonito de toda a minha vida. O acaso ia misturando o lilás, o laranja e o azul, nas suas muitas variações, transformando o céu numa imensa e mutável tela. A integração que tive com a natureza nesse instante foi tão grande, que eu me senti irmão das nuvens, das araucárias, das gotas de orvalho e até dos menores grãos de areia. Eu já não me lembrava mais da minha casa, da minha família ou do meu emprego.

Foi quando eu avistei, na outra margem do rio, um grupo de pessoas. Eram homens e mulheres envoltos num manto amarelo, reunidos em forma de círculo num grande descampado. Eles pareciam estar orando ou adorando algum tipo de deus. Não tive a ousadia de interrompê-los, e esperei sentando sobre uma pedra que terminassem o seu ritual. No momento em que se dispersaram, notei que um deles me viu e foi comunicar a minha presença àquele que parecia ser o líder. O chefe veio até a margem em frente aquela onde eu me encontrava, no que foi seguido pelos outros, e pediu para que eu atravessasse o rio. Como eu insistisse em dizer que não sabia nadar, eles me mostraram umas pedras por cima das quais eu poderia passar com tranqüilidade. Cruzei o rio, um tanto confuso por não ter visto antes as tais pedras, e rapidamente fui cercado por aquelas pessoas. Elas me olharam com profundidade, como se estivessem me estudando, e aquilo me incomodou. Eu queria saber apenas que lugar era aquele e o que eu estava fazendo ali, e foi o que perguntei. Nesse instante eles soltaram uma gargalhada e pediram para que eu os acompanhasse até a sua aldeia, onde todas as explicações me seriam dadas.

Apesar de não tê-los achado muito simpáticos, pois além de não responderem às minhas perguntas ainda debocharam de mim, minha intuição pedia que os seguisse. Caminhamos lenta e compassadamente, e a paisagem que vi pelo caminho era mais bonita e inspiradora que as que tinha visto antes. Chamou-me a atenção umas pedras enormes em formato de rosto humano, e as palmeiras imperiais que deviam medir em torno de cinqüenta metros de altura. O céu, que não há muito tinha escurecido, foi o mais limpo e estrelado que já pude contemplar. Fiz ainda alguns questionamentos, mas eles me ignoraram. Quando finalmente chegamos á aldeia, um dos homens de manto amarelo me levou a uma das casas. Eram casinhas de barro pequenas mas muito arrumadas, que se organizavam em torno de uma praça principal. Acho que devia haver umas cem delas. A ostentação parecia não existir ali.

Logo que entrei na primeira sala percebi que tinha me enganado, pois a casa além de ricamente decorada era enorme. Tapetes luxuosos, móveis finos, quadros bonitos, ornamentos em ouro e prata, pedras preciosas incrustadas nas paredes, lustres do mais raro cristal, por mais que quisesse eu não conseguiria descrever tamanha ostentação. Fiquei tão deslumbrado com aquilo que tive de receber uma leve tapa do meu acompanhante para poder prosseguir. Ele me pediu desculpas e disse que o seu mestre já me aguardava. Depois de atravessarmos mais de uma dezena de salas igualmente impressionantes, chegamos diante de uma enorme porta de aço que se abriu sem que ninguém a tocasse. Sentado numa poltrona de marfim avistei um homem envolto numa manta violeta e que devia ter pouco mais de cinqüenta anos. Ele era alto, forte, branco e tinha barba e cabelos cumpridos. Seu olhar era brilhante e sua voz estridente. Quando ele falou, involuntariamente tive a iniciativa de me ajoelhar. A razão disso talvez tenha sido o respeito que a figura dele me transmitia. Ainda hoje lembro com exatidão que ele me disse ‘Meu filho, seja bem-vindo ao outro lado. Fico feliz em saber que fizeste uma boa viagem’. Ao ouvir aquilo entrei em pânico, pois de repente tomei consciência de que eu estava morto. Aquele lugar era uma espécie de vale para os que tinham morrido. Isso me assustou a tal ponto que caí inconsciente no chão, batendo com a cabeça.

Na manhã do dia seguinte eu acordo um tanto inquieto, e mais com medo do que com preguiça abro os olhos. Qual não foi a minha surpresa ao saber que me encontrava no meu quarto, ao lado de minha esposa. Observei com alívio a velha escrivaninha, o sofá, os quadros que pintei na minha adolescência e a janela por onde se via o quintal. Depois de me levantar e olhar através da janela para o céu que se perdia de tanto azul, eu saio pelos outros compartimentos da casa para me certificar de que não estou mais sonhando. O sonho daquela noite tinha sido muito estranho, era a um só tempo mórbido e inspirador, e eu agradeci aos céus pelo fato de aquilo ter sido apenas um devaneio onírico. No entanto, me intrigava o fato de que me doía o lado esquerdo da cabeça, exatamente no ponto em que eu havia me machucado naquele maldito sonho. E como a dor foi gradualmente aumentando, deitei-me novamente, agora no sofá da sala, e rapidamente adormeci.

"Os Meus Anos Sessenta..."

Foi por acaso que encontrei na Internet o texto intitulado “Os meus anos sessenta”, de autoria de Frederico Mendes. Trata-se de uma narrativa descontraída e interessante acerca das diferenças entre os costumes e a modo de viver da citada década e da década presente. O texto está transcrito logo abaixo e o site de referencia é o seguinte:


http://www.flickr.com/photos/frederico_mendes/63985139/

OS MEUS ANOS SESSENTA...

Conheço muitos jovens com saudades dos anos 60, tão idealizados e imaginados através do cinema, livros ou relatos dos pais.
Para eles seria uma época mítica e lendária, os anos rebeldes. Também tenho saudades, mas não era bem assim...
Não havia internet, Google, fax, celular e muito menos TV a cabo. Os quatro canais existentes começavam a funcionar ao meio-dia e encerravam a programação lá pela uma da manhã. E depois só ficava na tela um desenho estranho e estático nos dando boa noite até o final da manhã.
Tínhamos que ir à biblioteca para fazermos pesquisas de colégio. Os discos, que eram chamados de "long-plays", de no máximo 32 minutos eram virados para poder tocar o lado B. Não havia controle remoto e nem telefone sem fio.
Os telefones, assim como os táxis, eram sempre negros e muito pesados, com exceção dos telefones de quartos de madames (ou madames de Hollywood) que eram quase sempre brancos.
Não tinham teclas, mas discos rotatórios com números encaixados dentro de buracos circulares onde enfiávamos os dedos. Daí a origem do verbo discar como sinônimo de telefonar. E não tinha "redial", o que nos obrigava a enfiar o dedo e discar de novo e de novo. E como dava engano!
A grande onda do telefone era de poder dar trotes. Crianças e até mesmo adultos passavam trotes bobinhos tipo : "pinico de barro enferruja?" ou "A senhora pode esperar um minutinho?". Depois de 60 segundos de silêncio, o trotista dizia obrigado e desligava com uma risadinha audível...
Telefone no Brasil sempre foi um problema. Custava caro e só poucos tinham em casa, tal qual as televisões que eram raras, caras e poucos no prédio tinham essa novidade. Éramos quase todos, não telespectadores, mas tele-vizinhos.
Para fazer uma ligação telefônica tinhamos que esperar o telefone "dar linha".
Não havia DDI e uma ligação internacional demorava mais de quatro horas para ser feita pela telefonista. Quando a ligação se completava, nem sempre sabíamos mais do que queríamos falar ou então aquela paixão monumental já tinha virado um simples "flêrte".
Computadores, só os bancos tinham. Gigantescos, ocupavam andares inteiros e só eram compreendidos por especialistas que possuíam curso universitário sobre o assunto.
Dentista doía, e doía muito...
Em compensação a música era muito melhor! John Lennon, Jim Morrison, Janis Joplin e Jimi Hendrix, todos os jotas ainda estavam ativos. Muito doidos, mais pra lá do que pra cá, mas vivos. Bob Dylan não era o fanático religioso de hoje e influenciava toda uma geração de "quero-ser-poeta". E o Zé Bonitinho, Golias e o Zé Trindade apareciam na "Praça é Nossa" e até achávamos meio divertido, apesar de bastante kistch.
Dava para praticar namoros nas areias da praia de Ipanema de noite sem sermos assaltados por pivetes e nem achacados por PMs. Ou vice-versa. PMs que aliás eram chamados de Cosme e Damião, porque andavam sempre em duplas. E usavam gravatas negras e uniforme cáqui.
Uma calça Levis 501 custava o equivalente a US$ 3,00 no Mercadinho Azul de Copacabana, paraíso dos importados contrabandeados por aeromoças da finada Panair do Brasil. O perfume Lancaster vinha da Argentina e todos nós, rapazes da Zona Sul usávamos.O cheiro deste perfume nas festas concorridas era massacrante para as narinas mais sensíveis. Do Paraguai só chegava uísque falsificado, isto é, nacional legítimo Made in Assuncion. As camisas eram de Ban-lon, ou de malha com psicodélicos jacarezinhos verdes. E não é que a Lacoste voltou à moda?
Aliás, muitos de nós víamos jacarés e macacos verdes e alucinados por aí.
As calças eram de Tergal, isto é, não amassavam e nem perdiam o vinco e quem comprasse um terno na Ducal ganhava duas calças iguais.
O que sempre me fez perguntar o porquê: calças sujavam mais do que paletós ou eram menos duráveis?
As moças, depois de virarem mocinhas, ainda ficavam incomodadas, até que um gênio da publicidade escreveu: " Incomodada ficava a sua avó!", em anúncio de absorvente. E só havia Modess no mercado.
E o que seria do amarelo se todos gostassem do vermelho? Ou vice-versa? Esta publicidade de tintas marcou. Se alguém lhe citar esta frase, ou é o seu pai, ou um estudante de publicidade ou algum novo velho nostálgico que aprendeu a dizer isto com o pai.
Perto da minha casa em Copacabana haviam 18 cinemas, distante no máximo uns 15 minutos a pé. Ou sete de bonde. "Bonde? O que é isso?"
A Brigitte Bardot e a Sophia Loren ainda eram umas gatas, e contávamos pin-ups pulando a cerca até cairmos no sono, nossos "wet dreams" noturnos.
A Sonia Braga, linda aos 18 anos, tirava a roupa (nuínha em pelo!) todas a noites na peça Hair. Meninos, eu vi! Aliás, eu ia em quase todas as noites. E o Wilker era só um ótimo ator meio estranho e ruivo.
As mulheres bonitas tinham "it". Nós, garotos, éramos divididos entre os pães e os muquiranas, ou bonitos e feiosos.
Pão era o Alain Delon. O Paul MacCartney também, apesar de que as meninas mais "cabeça" já preferiam o Lennon, que usava óculos, era míope e tinha jeito e cara de intelectual. Sorte minha que já era um "quatro olhos", apelido políticamente incorreto de quem os usavam .
Mas quem realmente salvou a minha vida afetiva e amorosa foi o ator francês Jean Paul Belmondo. Calma , gente! Belmondo era um feio com nariz estranho que as mulheres achavam "charmoso". E acabou com a tirania da beleza roliúdica dos galãs pasteurizados para sempre e graças a Deus!
Os litros de leite eram vendidos em garrafas de vidro. Mas só dava para beber leite pasteurizado, isto é, que recebia um tratamento especial. Mas todos tinham que ser fervidos antes de serem bebidos. E não havia esse tal de desnatado: havia o adulterado com muita água e o adulterado com menos água.
Leite em pó tinha que ser batido durante minutos com uma colher para dissolver no copo. Era um bom exercício para o muque. Até que surgiu o leite Glória que "dissolvia sem bater".
E o carro Gordini, um francês fabricado em São Paulo, que todo jovem queria ter, recebeu o apelido de leite Glória porque também se dissolvia sem bater. Era muito frágil.
Os carros só possuíam rádios AM (!) e eram Fuscas, Dauphines, o já citado Gordinis, DKWs (Decavê) e Aero Willis. E o elegante Simca Chambord, com mini rabo de peixe e pneu de banda branca como um Cadillac chinfrim e tudo. Mas todos sem ar-condicionado e vidros elétricos. Mais um motivo para exercitarmos o muque que exibíamos por baixo das camisas de manga durta arregaçadas ao estilo James Dean, ou nas praias mais ou menos limpas, mas com valas negras quase do tamanho do Rio Negro.
Sol naqueles anos dourados não causava câncer, mas mesmo assim nos protegíamos com Rayto de Sol, o único argentino que chegava até nossas praias...
Bons tempos.
Camisinhas só eram usadas nas incursões à zonas mui perigosas, nas casas coloridas perto do Canal do Mangue, hoje Cidade Nova.
As torcidas de futebol só gozavam com as caras dos outros nas derrotas, sem brigas e sem violências, numa época onde porra e pentelho eram palavrões e não ficavam bem na boca de ninguém.
Aliás, até hoje porra e pentelho não ficam bem na boca de ninguém...
Os discos dos Beatles (e filmes) demoravam meses para serem lançados aqui. Mas quando chegavam eram uma festa, festa mesmo com todo mundo dançando twist e yê-yê-yê. As meninas alisavam o cabelo com ferro de passar roupa e só gostavam de garotos de cabelos lisos. Os meninos de cabelos mais rebeldes dormiam com ridículas toucas na cabeça feitas com meias de seda surrupiadas da mãe ou da irmã. E sempre acordávamos com uma marca na testa que só saía da cara da gente lá pela hora do recreio.
Isto até 1966, quando surgiram os primeiros hippies e seus longos cabelos encaracolados.
E foi aí, com os meus rebeldes cachos que arrumei a minha primeira namorada, época mais ou menos dessa foto aí de cima.
As câmeras eram analógicas, manuais e muito mocorongas. Photoshop era apenas uma tradução para loja de fotografias, para quem estudava no IBEU ou para quem tinha feito American Fields, isto é, cursado a high school nos cafundós do centro-oeste americano.
Outra coisa interessante era que dávamos festas onde a grande atração era um imenso gravador de rolo onde brincávamos de gravar as nossas vozes dizendo bobagens, poesias e outras bobagens. "Poxa, minha voz é assim mesmo?" é verdade, a gente ainda não se conhecia tanto. E psicanálise ainda era considerada coisa de maluco. Só em 1968 que a análise entrou na moda. E também surgiram as primeiras fitas cassete. Lembro de ouvir o Album Branco dos Beatles em uma dessas estranhas novidades. E de achar inovador e genial uma capa toda branca e branca ainda por cima e por baixo.
Aliás, genial era o adjetivo da moda. Tudo era geniaaaal! Menos os filmes do Julio Bressane que passavam no Cine Payssandú. Eram loooongos e chaaaatos...
Havia festivais de bossa nova nos ginásios e auditórios onde cantavam jovens promissores, tipo um garoto tímido chamado Francisco Buarque de Holanda, e mais Eduardo Lobo, Nara Leão, ou uns coroas metidos a garotões como Antonio Carlos Jobim, Carlos Lyra, Roberto Menescal e Vinícius de Morais. Todos geniaaais!
Jorge Benjor ainda se chamava Jorge Ben e era só um dos maiores craques do futebol de areia, em Copacabana. Bairro onde também Vinicius morou. E logo no meu prédio! Ele me dava bom dia no elevador (eu indo para o colégio, ele voltando da noite) e me gozava quando o seu Garrincha fazia gols no meu Mengão. E o que é pior: nunca conversamos sobre poesia, amor ou literatura. Só sobre bola e os grandes peitos sem silicone(!) da vizinha do 302.
Açúcar não fazia mal. Engordava e causava cáries, mas não era o veneno de hoje. Não havia refrigerantes Diet ou Light.
E Light era só um clube do qual minha mãe não era sócia, pois me dizia isso sempre que eu deixava a luz do quarto acesa atrás de mim.
Havia um tal refrigerante Grapette, que "quem bebe, repete" cuja principal característica era a de deixar a língua roxa. Roxa como a luz negra que dava ares de Londres ou San Francisco nas nossas festas e nos deixava com uns dentes cor de dente de vampiro.
Nas festas, brincava-se de pêra, uva ou maçã. Pêra era aperto de mão, uva, abraço, maçã, beijo. As mais afoitas escolhiam logo salada mista de frutas. Mas nunca dei a sorte de escolher tamanha iguaria...
Legal foi quando o Bob`s de Copacabana inventou o queijo quente, e ia bem com a novidade do suco de uva. Pouco depois lançaram a salada de atum e a de ovos, mas essa não era muito popular, porque dava gazes e tínhamos que mostrar que a mão não estava amarela. Confesso que até hoje nunca entendi qual era a relação entre a flatulência e a cor da palma da mão.
Trocava-se de mal apertando os dedos mindinhos, fazia-se as pazes com os polegares. Em uma era pré-Aids fazíamos pactos de sangue. Éramos dramáticos até a morte extrema. E tudo era prenúncio de uma tragédia grega ou de fotonovela italiana da finada revista Grande Hotel. Os atores protagonistas tinham até fã-clube no país. Era uma história em quadrinhos para adultas.
As novelas da Tv Tupi também paravam o país, como na noite em Albertinho Limonta descobriu que era neto do seu próprio avô (?) em O Direito de Nascer.
Brigávamos na rua por bobagens tipo "não mete minha mãe no meio, senão eu meto no meio da tua”. E quando alguém do prédio acima jogava água (ou outros) para acabar com a balbúrdia, gritávamos:
"Joga a mãe junto, amarrada a um piano!”.
Imagino que era para ela cair mais rápido.
Ou talvez um certo preconceito contra os "pequenos burgueses" que tinham piano em casa. O quente era tocar violão!
Eramos meio edipianos...
Alguns começavam a fumar bem cedo para se sentirem mais velhos como o Sean Connery, charmosos que nem o Paul Newman, gostosas como a Kim Novak ou Marilyn Monroe. E macho mesmo fumava só cigarro sem filtro, tipo Continental.
Vários já viraram saudade nesta onda.
Eu experimentei um tal de "Cigarros Cônsul" porque era mentolado, mas ainda bem que tossi tudo o que não tinha direito na frente da guria que queria impressionar.
Salvo do câncer, do enfisema e da impotência (ufa!) pelo engasgo e pelo mico.
Nos cinemas era proibido comer, fumar e beber. E alguns beijos mais afoitos eram devidamente iluminados pelo lanterninha. Se o casal reincidisse no delito era colocado para fora, como Adão e Eva do Cine Paraíso.
Muitas boas reputações foram destruídas em matinês...
Menina que ia à Barra da Tijuca de noite ficava falada para o resto dos dias.
Se fosse de lambreta então, já estava no inferno. E não casava mais. Apesar de que alguns cirurgiões plásticos apregoavam que sabiam como restaurar virgindades. Literalmente.
Para nós, garotos com espinhas ou sem espinhas, sexo só com as revistinhas de sacanagem do Carlos Zéfiro, que ainda não era cult e não posava em capa de disco da Marisa Monte. Ou então, com revistas de fotografias que mostravam fotos de mulheres nuas retocadas "lá em baixo" em uma era pré-Photoshop. Vai ver que foi por isto que virei fotógrafo depois.
Revista Playboy só as importadas. E alguns pais as mantinham guardadas em cofres, junto com os bônus do Tesouro Nacional. E mesmo assim nelas não podiam aparecer pêlos e nem a perereca. Que, aliás, a Dercy Gonçalves, que já era velha na época, tão bem popularizou na música " A Perereca da Vizinha Está Presa na Gaiola". Um clássico do cancioneiro carnavalesco, como veremos depois.
As meninas eram muito "difíceis" e, zelosas da reputação ou com, medo de ficar para "titia" só começavam a atuar bem depois dos vinte. A solução era recorrer às profissionais, que estavam mais para amadoras, com trocadilho mesmo. Ou visitar o quarto daquela empregada mais afoita na calada da noite. Naquele tempo não haviam diaristas e quase todas dormiam nas casas onde trabalhavam. E tinham que subir pelo elevador dos fundos junto com os "pretos" ou "os de pele moreninha", eufemismo então corrente no país que mal sabia disfarçar um racismo secular.
O Brasil era uma grande senzala. Era?
Não havia esse negócio de viajar para Búzios com o namorado.
Búzios era uma vila de pescadores, quase nos cafundós, e só ficou famosa depois que o namorado brasileiro de Brigitte Bardot (que, aliás, era marroquino, mas os jornais entusiamados logo o "naturalizaram") levou-a para fugir dos paparazzis que tanto a perseguiam pelo Rio. Brigitte depois voltou para cá e dava tanto mole pela cidade que já a chamavam de "arroz de festa". "Ih... lá vem aquela chata da BB...". E estas duas letras em maiúsculas viraram para todo o sempre abreviatura de "boa e burra". Isto é, até o Big Brother surgir.
Algumas reputações de Hollywood foram destruídas nos bailes de Carnaval. Todos se lembram do galã másculo Rock Hudson agarrado aos beijos e barrancos com um fuzileiro naval na piscina do Copa, enquanto a orquestra atacava de Cidade Maravilhosa. Música que encerrava os bailes, de clubes ou das ruas cercadas por cordas, onde ficávamos dando voltas abraçados nas meninas, vestidos de tirolês, caubóis ou havaianas. E pulando ao som de uma bandinha xexelenta(?) tocando músicas de duplo sentido, ou até meio explicitas, tipo: "olha a cabeleira do Zezé, será que ele é...", ou" foi ele que botou o pó em mim". Pó de mico... É claro que as meninas avançadas trocavam o "ó" por "au"...
E sempre ajeitando os sarongues.
Aliás, as sandálias havaianas eram chamadas de japonesas e homem só podia usar as de cores escuras. E mesmo assim só para ir à praia.
Camisa vermelha era "coisa de viado", diziam. Ou pederasta, como as famílias diziam dos filhos dos outros. Mas havia muito pai que era cego e não via que seu filho dava umas boas "desmunhecadas" ou jogava "água fora da bacia";.
A juventude era uma doença que se curava com o tempo.
Até que, no começo de 1964, a Beatlemania explodiu no mundo e tudo começou a mudar. Pela primeira vez na história, jovens começavam a formar opiniões e a mudar o comportamento vigente da sociedade careta de então.
Descobríamos a liberdade. Que não era só um jeans azul e desbotado do anúncio da US Top.
Liberdade,liberdade que (ainda que tarde ou "aqui será também" ) ainda abria suas asas sobre nós!
Ela era real e para sempre. Assim, pelo menos pensávamos.
Mal sabíamos que em 1º de Abril de 1964, o dia da mentira, um golpe militar de direita iria mergulhar o país na mais longa noite, na pior escuridão, no caos e no medo.
Uma noite que durou 21 anos.
Nesta longa e vazia noite, amigos desapareciam, como que encantados por um bruxo mau, para sempre. No que parecia ser uma escuridão eterna, havia uma tênue esperança de luz no fim do túnel. Alguns, mais pessimistas, diziam que era um trem na contramão...
Pichávamos paredes com palavras de ordem contra os militares. Passeávamos em passeatas, no centro da cidade, que sempre acabavam, em grossa pancadaria, repressão das "otoridades" e muitas prisões. E beijos entre os sobreviventes, livres, leves e até então soltos.
Mas a gente era feliz. E sabia disso, mesmo quando vivíamos na fossa. Que, aliás, eram volúveis e voláteis e sujeitas a dias de praia e sol e noites de chuva ou lua cheia.
Acreditávamos no amor eterno, mas não achávamos que veríamos o século XXI. E 2001, além de ser um grande enigmático filme (para os reles mortais e burgueses que não entendiam bulhufas), era uma data abstrata e distante.
Nos saudávamos uns aos outros com um simples:
"Paz e amor".
Acreditávamos nisso.
Continuo acreditando...
Frederico Mendes, abril 2004.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Dialética


Nem me lembro de quando ou por que escrevi o texto abaixo. Sei apenas que faz vários anos e que na ocasião eu estava refletindo acerca do lado positivo da morte. Eis o texto:

DIALÉTICA

Quero morrer ainda nesta tarde. Quando cair a noite as pessoas olharão para o meu corpo já em estado de putrefação, estirado em um caixão de madeira, e certamente pensarão: “Coitadinho, ainda tinha tanta coisa para viver”.

E eu, invisível em algum canto da sala, talvez tentando conter uma gargalhada, repetirei para mim mesmo: “Coitado deles, que ainda têm tanto para viver”.

domingo, 2 de janeiro de 2011

Lançamento do Livro "Gestão de Áreas Protegidas" - Fotografia com Chico Freire


Eis fotografia tirada no lançamento do livro "Gestão de áreas protegidas: processos e casos particulares", publicado pela Editora da Universidade Federal da Paraíba e organizado por mim e por Ronilson José da Paz, atual superintendente do IBAMA no Estado da Paraíba. O evento ocorreu no dia 14 de agosto de 2008 no auditório da Ordem dos Advogados do Brasil na capital paraibana. Na imagem, estávamos aí eu e Chico Freire, meu amigo e professor de Direito Ambiental do Unipê. É claro que no dia muitos outros amigos se fizeram presentes, para se confraternizar nesse dia memorável.

"Nunca Pare de Sonhar" - Gonzaguinha


Como hoje é o segundo dia do ano e a primeira vez em que escrevo no blog depois de alguns meses, eu decidi saldar os meus fiéis leitores com a música intitulada “Nunca para de sonhar”da autoria de Gonzaguinha, um dos mais talentosos cantores e compositores da música popular brasileira. Falecido prematuramente em um desastre de automóvel, o filho de Luiz Gonzaga deixou uma obra de grande qualidade, que inclui canções como “Começaria tudo outra vez”, “Espere por mim morena”, “Eu apenas queria que você soubesse” e “Sangrando”.

O meu trecho preferido da canção abaixo é o seguinte: “Nunca se entregue, nasça sempre com as manhãs”. O que desejo a cada um dos meus amigos é exatamente isso: reciclagem, renascimento, transformação e transmutação. Eis a letra e o endereço eletrônico da canção:

NUNCA PARE DE SONHAR

Ontem um menino que brincava me falou
Hoje é a semente do amanhã
Para não ter medo que este tempo vai passar
Não se desespere, nem pare de sonhar
Nunca se entregue, nasça sempre com as manhãs
Deixe a luz do sol brilhar no céu do seu olhar
Fé na vida, fé no homem, fé no que virá
Nós podemos tudo, nós podemos mais
Vamos lá fazer o que será

http://www.youtube.com/watch?v=pNyo0dNL7so

Epígrafe V - Édis Milaré


Dando continuidade à relação de possíveis epígrafes na área de meio ambiente, eu transcrevo logo abaixo frase de Édis Milaré retirada do livro Direito do Ambiente, publicado pela Editora Revista dos Tribunais. Trata-se de um dos mais completos manuais escritos sobre a matéria, cuja linguagem consegue aliar com maestria didática e profundidade.

Na condição de um dos pioneiros, o professor Milaré contribuiu significativamente para o amadurecimento do Direito Ambiental no país. Além de ser autor e organizador de várias obras importantes, ele é um dos responsáveis pela edição da Lei n. 7.347/85 (Lei de Ação Civil Pública) e pelo alargamento de atuação do Ministério Público na área ambiental e na área de direitos difusos e coletivos de forma geral, em razão da bem sucedida pressão exercida sobre os constituintes da Assembléia de 1988.

Milaré seguiu carreira no Ministério Público, tendo se aposentado como Procurador de Justiça, e exerceu cargos importantes como o de Secretário de Meio Ambiente do Estado de São Paulo durante o Governo Fleury e o de membro do Conselho Nacional do Meio Ambiente, estando atualmente trabalhando como advogado e consultor jurídico. Sem mais delongas, eis a frase do autor:

"O Direito Ambiental ajuda-nos a explicitar o fato de que, se a Terra é um imenso organismo vivo, nós somos a sua consciência. O espírito humano é chamado a fazer as vezes da consciência planetária. E o saber jurídico ambiental, secundado pela Ética e municiado pela Ciência, passa a co-pilotar os rumos desta nossa frágil espaçonave".