sábado, 6 de junho de 2009

"A Crueldado do Egoísmo"

Esse artigo de autoria do renomado arquiteto Germano Romero foi publicado no dia 31 de maio do corrente ano no tradicional jornal paraibano "A União", e aborda questão dos maus tratos aos animais e o sadismo dos seres humanos. Com a autorização do autor, estou reproduzindo o texto:

A crueldade do egoísmo
(Germano Romero)

Considerado por muitos filósofos, educadores e religiosos como a maior praga da humanidade, o egoísmo permanece, ao longo de séculos, entranhado no espírito da maioria. Esse “defeito” da alma, que embora seja concernente ao atual estágio evolutivo do ser humano, é o responsável por inúmeras turbulências do mundo de hoje. Guerras, disputas por propriedade e poder, ambição e a famigerada desigualdade social são apenas algumas mazelas provenientes do egoísmo. À medida que essa praga se retirar da conduta dos homens, indubitavelmente galgaremos condições superiores de convivência coletiva, e com toda a Natureza.

Há, porém, um traço marcante dessa falha do sentimento humano implícito na relação e no trato com os animais, seres do mesmo planeta, frutos da mesma Criação. É nele que se evidencia o egoísmo na sua maior plenitude. Vejamos, por exemplo, o que se faz com os pássaros.

Nascidos para voar, embelezar céus, agraciar nossos ouvidos com melodias doces e delicadas, que às vezes soam como verdadeiros cânticos em louvor divino, ou ode que nos alerta para as verdades inscritas nas belezas naturais e em tudo o que nos rodeia, muitos deles são condenados à prisão em gaiolas, para o resto de suas vidas. Retiram-lhes o sagrado direito à liberdade – que aos que têm asas se valoriza assaz – unicamente por mero e individualista regozijo pessoal, sem se dar conta da grave violência para com essas inocentes e inofensivas “flores cantantes”...

E as rinhas de canários? Viu-se recentemente nos jornais que, mesmo numa capital, como João Pessoa, elas existem, inobstante proibidas, assim como “brigas de galo”, tanto quanto rodeios e vaquejadas. Esses últimos ainda “permitidos” por força da “grana que destrói coisas belas”... Mesmo com toda a visibilidade dos fatos e fotos, registrados ao vivo e nos bastidores dos espetáculos dessas “derrubadas” de bois e vacas, as leis e os órgãos que as tentam cumprir mostram-se impotentes e ineficazes.

A lei federal nº 9605/98 (art. 32), reza com todas as letras que “é crime passível de detenção e multa praticar atos de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos”. E segue mais além: é também crime “matar, perseguir, caçar, apanhar, ferir, mutilar, realizar experiências dolorosas ou cruéis em animal vivo, ainda que para fins didáticos e científicos, quando existirem recursos alternativos”.

Impressionam qualquer cidadão, por mais leigo ou iletrado, a clareza e o rigor desta norma, descumprida indiscriminadamente em circos e outros palcos de distração sádica, que persistem em voga neste século 21.

E o pior: resta a impressão de que as pessoas que se divertem assistindo às vacas serem derrubadas, violentamente puxadas pela cauda, em quedas brutais que as apavoram e machucam sem pena, adorariam retroceder às platéias romanas para ver os leões devorarem em sangue os gladiadores derrotados. Não há a menor dúvida...

Germano Gouveia Romero - GERMANO ROMERO ARQUITETURA
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